Fustigai o vosso Espírito e não o vosso corpo.
O Livro dos Espíritos possui uma parte especialmente dedicada às privações voluntárias, isto é, aquilo que o homem se priva por vontade própria. Para ler na íntegra (é um trecho não muito extenso), clique aqui.
A primeira pergunta questiona sobre as necessidades do corpo: A lei de conservação obriga-nos a prover as necessidades do corpo? A resposta, que não poderia ser mais lógica, confirma o pensamento de Kardec: Sim, pois sem a energia e a saúde o trabalho é impossível.
Em outra pergunta, o Codificador menciona a relação entre privação e expiação: As privações voluntárias, com vistas a uma expiação igualmente voluntária, têm algum mérito aos olhos de Deus? Os Espíritos responderam: Fazei o bem aos outros e tereis maior mérito.
Essa pergunta é muito importante para compreendermos o que está se querendo dizer em tal parte do livro clássico da Doutrina. Do que adianta querer criar sofrimentos voluntários para si mesmo? Qual a lógica disso? Quem está ganhando? Ora, não está existindo caridade, nem para si próprio, muito menos para o próximo. Por isso a resposta é inabalável: Fazer o bem aos outros, porque isso traria muito mais consequências benéficas.
E Kardec continua: Há privações voluntárias que sejam meritórias?
Quais privações voluntárias poderiam ser benéficas ao espírito? Sem dúvida, aquelas que nada mais são do que uma ilusão e nada têm de necessárias. Os Espíritos responderam da seguinte forma:
Sim: a privação dos prazeres inúteis, porque liberta o homem da matéria e eleva sua alma. O meritório é resistir à tentação que vos convida aos excessos e ao gozo das coisas inúteis; é retirar do necessário para dar aos que o não têm. Se a privação nada mais for que um fingimento, será apenas uma irrisão.
Ao final do capítulo, o Codificador elabora duas perguntas que o encerram com chave de ouro! Vejamos a seguir.
Se os sofrimentos deste mundo nos elevam, conforme os suportamos, poderemos elevar-nos pelos que criarmos voluntariamente?
Entenda exatamente o que está se querendo saber: o espírito pode evoluir por expiações que ele mesmo criou? A resposta espiritual:
Os únicos sofrimentos que elevam são os naturais, porque vêm de Deus. Os sofrimentos voluntários não servem para nada, quando nada valem para o bem de outros. Crês que os que abreviam a vida através de rigores sobre-humanos, [...]? Por que não trabalham, antes em favor dos seus semelhantes? Que vistam o indigente, consolem o que chora trabalhem pelo que está enfermo, sofram privações para o alívio dos infelizes e então sua vida será útil e agradável a Deus. Quando, nos sofrimentos voluntários a que se sujeita, o homem não tem em vista senão a si mesmo trata-se de egoísmo; quando alguém sofre pelos outros, pratica a caridade; são esses os preceitos do Cristo.
Se não devemos criar para nós sofrimentos voluntários que não são de nenhuma utilidade para os outros, devemos, no entanto, preservar-nos dos que prevemos ou dos que nos ameaçam?
A pergunta é objetiva: nós devemos nos preservar, ou seja, evitar os sofrimentos? E a resposta concedida é provavelmente a mais esclarecedora de todas até agora:
O instinto de conservação foi dado a todos os seres contra os perigos e os sofrimentos. Fustigai o vosso Espírito e não o vosso corpo, mortificai vosso orgulho, sufocai o vosso egoísmo que se assemelha a uma serpente a vos devorar o coração e fareis mais pelo vosso adiantamento do que por meio de rigores que não mais pertencem a este século.
RESUMO DA ÓPERA:
Procurar sofrimentos voluntários é uma insanidade. Você não foi feito para sofrer. O que deve ser fustigado é o espírito em seus males morais, não o corpo.
Entretanto, se você se privar de prazeres inúteis e isso for um sacrífico, estará dando um passo em sua ascensão. Mas veja bem: prazeres inúteis: Álcool, nicotina, outras drogas, etc. Além do mais, o que deve ser evitado é o excesso, o que afeta e compromete a saúde espiritual ou física.
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