20 de mar. de 2015

O perigo dos dogmas no aprendizado espiritual

Um dos aspectos que mais diferenciam o Espiritismo das demais religiões é a base racional que as interpretações espíritas possuem. Kardec, homem muitas vezes cético, devido ao seu envolvimento com a ciência e o mundo acadêmico, descobriu com os próprios olhos um mundo oculto aos sentidos grosseiros da matéria e codificou os princípios que usamos até hoje.

Contudo, alguns espíritas aparentam deixar de lado o espírito pesquisador e inovador que envolve o Espiritismo, tornando a religião finalizada. Há quem negue veemente as obras de Chico Xavier, por apresentarem colônias espirituais e outros temas que não são abordados explicitamente por Kardec.

Ora, o Codificador é a indestrutível base do Espiritismo, por qual todos os conhecimentos - sejam de ordem científica, moral ou cultural - devem passar. É a garantia do bom senso e a fonte primeira que devemos buscar, para não perdermos a fidelidade doutrinária. 

Os estudos espirituais devem prosseguir e jamais estagnar, pois o homem está distante da verdade absoluta, e somente com muito trabalho e empenho isso será um dia alcançado. Para tal, é indispensável se despojar de preconceitos e ideologias mesquinhas sobre o mundo espiritual, que só fazem uma barreira inútil em frente ao progresso.

Desta forma, estabelecer dogmas limitadores, isto é, crenças consideradas inquestionáveis, mas com o fim de impossibilitar o novo, impedir um passo a mais no constante desvendar do mundo espiritual, é ir em contramão ao legado nos deixado por Allan Kardec, com sua mentalidade questionadora, curiosa e que se aprofundou racionalmente em um mundo tido como místico ou inexistente, mudando para sempre o rumo da humanidade.

Sabemos, por meio de psicografias dignas de consideração, que no meio espírita existem reencarnados diversos espíritos comprometidos no passado com a Igreja Católica. Sem falar nos que nasceram e cresceram católicos, mudando para o Espiritismo já na vida adulta. 

O que isso quer dizer? Que existe uma disfarçada tendência de se permear o Espiritismo com práticas católicas. Por exemplo, adotar como única fonte os livros da Codificação, como se faz com a Bíblia pelos católicos. Estabelecer crenças radicais, dogmas e mais dogmas, algo que definitivamente não combina nem um pouco com o Espiritismo em sua essência.

"Nascer, morrer, renascer, ainda, e progredir sempre, tal é a lei."*

*Frase esculpida no dólmen de Allan Kardec.



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