Espírita não gosta de sofrer. Quem gosta de sofrer é masoquista.
Responder à pergunta de por que sofremos é entrar em terreno montanhoso. Podemos analisar sob duas óticas principais: a primeira refere-se à lei da causa e efeito, ação e reação, ou seja, o que se causa de mal a outrem terá que ser sofrido por seu autor.
“Os sofrimentos devidos a causas anteriores à existência presente, como os que se originam de culpas atuais, são muitas vezes a conseqüência da falta cometida, isto é, o homem, pela ação de uma rigorosa justiça distributiva, sofre o que fez sofrer aos outros.” O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Entretanto, responder apenas isso é ser simplório, pois muito sofremos não exclusivamente por consequências cármicas, mas também pela ignorância, pelos atrasos morais e intelectuais.
Por exemplo: por efeito cármico, dois espíritos nasceram órfãos, sob condições mais ou menos parecidas. O primeiro não se rebelou contra a vida, pois conseguiu estudar o mundo espiritual e aprendeu a aceitar algumas circunstâncias que não podemos mudar.
O segundo, menos experiente, talvez, manteve sempre uma mágoa muito forte com a vida, o que lhe afligiu durante toda a sua existência muitas dores, não apenas psicológicas, mas também interferindo no sistema físico. Enquanto o primeiro, tendo passado a infância e se estabelecido na vida, não foi escravizado por essa insatisfação e autopiedade.
Resumindo: um sofreu muito mais do que o outro, devido a ter se fechado para as verdades espirituais, para a sua própria consciência, capacidade de aceitação, etc.
E, resumindo mais ainda, podemos afirmar que o sofrimento anda junto, em muitas situações, com a nossa falta de compreensão do mundo. Quanto mais aprendemos, vivenciamos e escutamos à consciência, menos dispostos estaremos a sofrimentos desnecessários.
Mas, então, entramos na segunda questão: é possível parar de sofrer?
Sim, e iremos.
Quando, talvez seja a melhor interrogação: quando não mais estivermos amarrados pelas ilusões da matéria, de nossas aflições e mais variadas imperfeições.
Em O Livro dos Espíritos, Kardec pergunta se o espírito passará constantemente por provas até à perfeição. É respondido que sim, mas não provas como entendemos: em um determinado grau, o espirito não mais sofrerá, ''continua, porém, sujeito a deveres nada penosos, cuja satisfação lhe auxilia o aperfeiçoamento, mesmo que consistam apenas em auxiliar os outros a se aperfeiçoarem.''
Não estamos encarnados para sofrer, esta não é a intenção da vida. Mas sofremos, pois as tribulações, em nosso estágio, são necessárias para o avanço.
O caminho para se libertar do sofrimento deve ser trilhado desde agora, com a procura da iluminação espiritual, a reforma íntima, resignação nos momentos certos, entre outros. Quanto mais nos distanciamos daquilo que nos causa dor (vícios de toda ordem), mais nos aproximamos da paz interior que nos eleva sobre as angústias passageiras.
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